Olá pessoal! Venho agora para dar continuidade a um assunto que começou com a possibilidade de fazer semeios caseiros de orquídeas e parou nos vídeos mostrando os processos de semeio e recultivo, desenvolvidos na Universidade Federal de Viçosa. Pois bem pessoal a gente semeou, os frascos cresceram e chegou a hora de tirar as mudas deles. E AGORA?!
Pois então eu diria essa sem sombra de dúvidas, para plantas que vieram do cultivo in vitro é a fase mais crítica, entretanto não significa dizer que é extremamente complicada, na verdade é relativamente simples devendo apenas levar alguns fatores em consideração para o sucesso da prática. Para facilitar o entendimento do assunto vamos chamar essa fase, pós vitro de PRÉ CULTIVO. Pré cultivo, porque essa fase possui duas características básicas que a diferencia do cultivo de plantas maiores que é a temida fase de aclimatização, que consiste na fase logo após retirada dos frascos e plantada no coletivo, em que a planta sai do bem bom que ela estava com nutrientes, água, luz a vontade tudo bem controlado e passa para um ambiente externo com umidade mais baixa, ventilação e outros e ela por ainda não está com seu corpo preparado para o mundo externo sofre um bom estresse que se não devidamente controlado pode matar a planta; e a fase de crescimento, que é mais tranqüila e se assemelha ao cultivo de plantas maiores.
No pré cultivo as plantas são geralmente cultivadas nos chamados COLETIVOS, que nada mais é que vasos, bandejas, ripas ou casca de árvores onde são plantadas diversas mudas juntas com fim de economia de espaço, já que as plantas geralmente saem dos frascos pequenas com aproximadamente 1"(3cm).
Segue agora fotos de alguns exemplos de coletivos:
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Coletivos em bandejas de muda de hortaliças. |
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coletivo em vaso plástico |
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coletivo em vaso de barro, vaso plástico e bandeja(os testes com espuma fenólica foram negativo: Não usem!) |
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coletivos em ripas de madeira (Maçaranduba ) |
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Coletivos em ripa de Maçaranduba |
Como a fase de aclimatização do pré cultivo é a fase mais crítica devido ao velame da raíz da planta não está devidamente desenvolvido e as folhas estarem praticamente sem cutícula protetora a desidratação das mudas se torna o maior problema do processo, portanto para contornar esse problema o ambiente adequado para o pré cultivo deve ser sempre mais sombreado possível, de preferência um sombreamento acima de 75% sendo 80 a 85% bem adequado para esta fase. Outro ponto importante é a questão de proteção contra chuva, que é fundamental, pois como geralmente se utiliza um substrato com uma maior retenção de umidade e as mudas são mais delicadas o risco de podridões é maior devido a encharcamento, portanto proteção contra chuva é fundamental. Outra questão é a umidade ambiente que deve ser alta sempre, sempre escolhendo ambientes úmidos para fazer o pré cultivo. Em geral, dentro do próprio orquidário se pode montar um micro ambiente para os coletivos, muitas vezes colocando mais sombrite na parte onde irá colocar os coletivos ou mesmo improvisando outros ambientes ao lado do orquidário ou mesmo outros locais. O importante independente se é improvisado ou não é que o ambiente seja BEM SOMBREADO, ventilado sem excesso, bem úmido e protegido da chuva. Segue aqui foto de ambiente improvisado do lado do orquidário:
Ambiente improvisado ao lado do Orquidário
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Ambiente improvisado ao lado do orquidário |
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Ambiente melhor com bancada autônoma com capacidade de colocar e remover sombrite e plástico agrícola conforme a necessidade. |
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Ambiente melhor com bancada autônoma com capacidade de colocar e remover sombrite e plástico agrícola conforme a necessidade. |
Foto agora de um ambiente dentro do orquidário em orquidário comercial:
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Ambiente em orquidário comercial. |
Outra coisa importante para fazer o pré cultivo é em relação a substrato, existem uma diversidade de substratos, entretanto o mais interessante é o uso de um material que seja bem maleável e fácil de trabalhar e fixar a planta, tenha uma boa retenção de umidade e dure tempo suficiente para passar esse processo do pré cultivo. Em geral o Sfagnum é o substrato mais utilizado, por atender bem a essas exigências, embora se use outros também como brita (pouco usado e difícil de trabalhar) manta de acrilon (pouco usado, mas com bom potencial ), mix de substratos (bem utilizado, mas seca rápido), Espuma fenólica (pouco usado ou sem uso, mas parece ter bom potencial, estou testando).
segue fotos agora mostrando algumas possibilidades de substratos a serem utilizando, sendo o sfagnum o melhor e mais usado:
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coletivos com sfagnum, espuma fenólica e substrato misto (pinus, carvão, sfagnum )(TESTE COM ESPUMA FENÓLICA FOI NEGATIVO. NÃO USEM!) |
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exemplos de substratos (espuma fenólica e sfagnum ) e vasos de coletivos com dreno de caco de tijolo (TESTE COM ESPUMA FENÓLICA FOI NEGATIVO. NÃO USEM!) |
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Coletivo com sfagnum e manta de acrilon (Manta de acrilon foi eficiente apenas com Dendrobium antenatum) |
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coletivo com manta de acrilon e sfagnum (Manta de acrilon foi eficiente apenas com Dendrobium antenatum) |
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Coletivos em Sfagnum |
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Coletivos em sfagnum |
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Coletivos em Sfagnum |
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Coletivos em Sfagnum |
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Toquinhos de Sansão do campo com um pouco de Sfagnum |
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Toquinhos de Sansão do campo e coletivos em Sfagnum |
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coletivo com substrato misto e sfagnum
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Já vimos os vários tipos de coletivos, as fases do pré cultivo, o ambiente de cultivo e o substrato, vamos agora qual tipo de coletivo devemos escolher. O tipo de coletivo a escolher é muito relativo, depende da quantidade de mudas que terá para cultivar, do espaço e do tamanho das mudas. Geralmente como dentro de um frasco as mudas variam muito de tamanho é interessante fazer uma pré seleção e então diferenciar por tamanho as mudas afim de facilitar o plantio. Em geral, as mudas maiores são mais interessantes para plantar em bandejas, pela maior facilidade, já as de tamanho mediano a grande são bem interessantes para o plantio em vasos coletivos e as menores e mais delicadas se dão muito bem no sistema de ripas, cascas de árvores ou toquinhos, como os de café com sfagnum facilitando a sobrevivência dessas menores mudas, entretanto nada impede que todas as mudas possam ser plantadas nos outros tipos de coletivos, isso vai depender do que a pessoa tem disponível ou prefere utilizar também, não existe uma regra unanime quanto a isso, inclusive o improviso funciona muito bem neste campo do pré cultivo também.
Depois de toda essa conversa vamos ao plantio e os devidos cuidados com esses coletivos.
Para o plantio o procedimento costuma ser bem simples, entretanto não existe um procedimento totalmente padrão para isso e cada cultivador tem sua maneira de fazer o processo, uns deixam as plantas depois de limpas um tempo de molho em água com algum adubo, hormônio enraizador ou fungicidas, inseticidas e assim vai, ou outros deixam depois de limpas em papel ou algodão umedecido por uma noite para estimular o desenvolvimento do velame, enfim todas essas técnicas são boas e podem ser aplicadas sem problemas, ai vai do gosto de cada um e do que a pessoa pode fazer no momento. Entretanto, o processo todo consiste basicamente de remover as plantas do frascos, remover todo o meio de cultura que possa estar grudado nas raízes da planta, lembrando que TODO meio de cultura deve ser removido, pois se sobrar algo ele pode fermentar por ação de microrganismos e prejudicar, até matar a planta. Para isso geralmente se coloca as mudas em uma peneira e as coloca em água corrente e forte para desgrudar o meio de cultura. Feito essa lavagem então pode-se proceder um dos procedimentos dito a cima, aqui para o exemplo no blog eu coloquei as de molho em água, contendo uma solução com um adubo bem diluído, bem pouco mesmo e silício (Protect Bugram ) deixei por um tempo. o Silício pode ser interessante, pois ele é um nutriente que favorece a formação da cutícula cerosa da folha o que acarreta em uma planta mais tolerante ao excesso de transpiração e a desidratação, fora que a torna mais tolerante a entrada de doenças e pragas. já a adubação diluída seria para fornecer nutrientes a jovem planta que passará pelo estresse da aclimatização na tentativa de torna-la mais forte de forma mais rápida fazendo com que esse processo seja o menos traumático possível. Feito isso tudo então é só proceder o plantio e levar para o ambiente.
Depois disso os cuidados com os coletivos são muito semelhantes ao das plantas maiores, sendo que a rega deve ser feita sempre que estiver seco o substrato, sem deixar secar demais, independente do tempo que leve e tomar cuidado para não encharcar demais as mudas. A adubação também é semelhante sendo sempre completa e balanceada e no caso das mudas é mais interessante nessa fase utilizar adubos mais ricos em nitrogênio para promover um crescimento melhor das mudas, entretanto tomar cuidado com os excessos sempre, lembrando que são plantas muito pequenas ainda e o adubo deve ser bem mais diluído, do que seria para plantas adultas. O controle de pragas e doenças é semelhante ao que se faz com plantas maiores.
Passada essa fase de aclimatização, que em geral leva uns 3 meses e percebendo um crescimento mais acentuado das plantas aos poucos já pode ir aumentando a quantidade de luz delas, até chegar a luminosidade adequada para cada espécie em cultivo e após 1 a 1 ano e meio de pré cultivo em coletivos elas estarão com mais de 2" prontas para irem para o vaso individual pequeno e daí em diante o cultivo é o cultivo tradicional de orquídeas.
Segue agora fotos da etapa de remoção do frasco, limpeza, molho e plantio.:
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materiais (espuma fenólica não passou nos testes!) |
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silício(Ajuda, mas não é tão necessário assim) |
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misturando silício e um pouco de adubo(Ajuda, mas não é tão necessário assim) |
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mudas de molho na solução |
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mudas plantadas(Resultado negativo da espuma fenólica, não usem!) |
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mudas plantadas e identificadas. |
E é isso Gente! Espero que tenha ajudado vocês e como sempre, precisando de dicas, tendo dúvidas, sugestões ou críticas ou querendo bater papo sobre orquídeas e outras plantas é só deixar um comentário ou entrar em contato por algumas das opções existentes neste blog.
Até a próxima pessoal!!!
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